Cirurgia

A anestesia usada é a geral, sendo a cirurgia asséptica e uma variação da cirurgia do mastóide. A duração é de 2-3 horas. A incisão é retroauricular, de localização e forma variáveis. Na fresagem do mastóide, deve-se ter cuidados com o nervo facial. O monitoramento do facial deve ser feito principalmente na etapa de realização da timpanotomia posterior. Os cirurgiões usam, para crianças maiores e adultos, a técnica convencional que descreveremos resumidamente: (Figuras 3 a 10).

primeira etapa – mastoidectomia, com conservação da parede posterior do meato acústico externo (wall-up), para expor antro-ático e canal lateral com visualização da bigorna.
segunda etapa – realização de uma timpanotomia posterior para exposição da janela redonda e primeira espira da cóclea.
terceira etapa – fresagem do leito para fixarse o implante na parede óssea do crânio (nicho), atrás da apófise mastóidea.
quarta etapa – realização da cocleostomia entre a janela oval (estribo) e a janela redonda.
quinta etapa – colocação e fixação do receptor-estimulador no nicho.
sexta etapa – fechamento da incisão após ser realizada a telemetria neural intra-operatória para avaliar as condições dos eletrodos inseridos na cóclea.

Esta técnica é a de mastoidectomia com timpanostomia posterior. Na nossa experiência para  realização da cirurgia, o grupo de cirurgiões (4) participa da maioria das cirurgias revezando-se na realização das diferentes etapas citadas. Este  procedimento traz várias vantagens para a realização do projeto do implante coclear.

Técnica da cirurgia microinvasiva – é a cirurgia realizada no grupo pediátrico que requer atenção na alta incidência de estruturas anômalas. O nervo facial exteriorizado do osso temporal pelo forame estilomastóideo. Os tecidos são delicados devendo-se evitar manipulação da pele.

Há muita semelhança com a técnica convencional descrita acima e utilizada para adultos. Algumas diferenças são: incisão pequena de 3 a 4 cm, retroauricular, feita em linha reta; cuidados com a manipulação dos retalhos que, em crianças, são mais delicados; descolamento de um retalho completo de tecido até o periósteo elevando-o para formar uma bolsa, onde será fresado o leito do implante que deverá, na maioria das vezes, atingir a dura-máter devido a menor espessura da parede óssea craniana. A fresagem deve ser cuidadosa para não deixar toda a duramater exposta. Deve-se deixar uma placa óssea circular central onde será colocado o implante coclear.

Etapas cirúrgicas

a) a incisão usada é de 3-4 cm, retroauricular e em linha reta; distante 1 cm do sulco retroauricular. Após a incisão, os bordos são separados com afastadores, clipes ou ganchos;

b) é feito um flap periostal com base anterior e descolado para formar uma bolsa para o dispositivo eletrônico (I.C.);

c) o lugar do dispositivo eletrônico é identificado com modelo do implante sendo, na criança, suficientemente posterior à fresagem do leito do implante para permitir o uso do pacote eletrônico. Após o uso do modelo e identificação do lugar, este é fresado. Em crianças muito jovens pode ser necessário colocar o receptor-estimulador diretamente sobre um plano fino de osso (casca de ovo) sobre a dura-máter;

d) a mastoidectomia completa, timpanotomia posterior e cocleostomia são realizadas. O conjunto de eletrodos é inserido na escala timpânica através da cocleostomia;

e) a abertura da cocleostomia é tamponada com músculo ou fascia e o receptor-estimulador é depositado na bolsa formada inicialmente. O flap é suturado e fechado sobre o dispositivo. Visita pós-operatória na 1ª semana para avaliar a cicatrização. Em seguida, visita em 2 a 3 semanas para ajuste do mapeamento da atividade do processador de fala. Uma grande diferença da técnica minimamente invasiva é que o implante é colocado sem fixação ao osso através de pontos. A bolsa feita inicialmente deve ser pequena o bastante para prender o enxerto no lugar, após sutura da incisão.

Complicações cirúrgicas

A cirurgia deve ser realizada por cirurgiões otológicos, com prática em mastoidectomias. Há risco de lesão do nervo facial por isso deve-se realizar a cirurgia com monitoramento do nervo. Outros riscos são a formação de uma fístula labiríntica permanente; lesão da corda do tímpano, com perda da sensibilidade gustativa por vários meses; lesão do anel e membrana timpânicos; lesão do seio sigmóide; lesão da dura-máter. As complicações cirúrgicas são pouco freqüentes quando os cirurgiões são experientes.

Complicações pós-operatórias

Podem ocorrer problemas com os retalhos provocando infecção, hematoma, necrose. O eletrodo pode ficar em posição incorreta e, devido a isso, pode estimular o nervo facial. Podem ocorrer   fístula liquórica no nicho do receptor e fístula perilinfática.  Outras complicações pós-peratórias são otite média aguda, otite média crônica, meningite, fratura do receptor, migração do eletrodo, extrusão do receptor ou interrupção do funcionamento, dor. Estas complicações são pouco freqüentes. Os cuidados pós-operatórios principais são: evitar banhos de piscina; evitar esportes com riscos de trauma na cabeça; realização de otoscopia de controle.

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