Histórico do Implante Coclear

A idéia e proposta inicial em montar um programa de implante coclear (IC) no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCRP-FMRP-USP), nasceu de um sonho de um mestre, médico e grande pesquisador dos mecanismos anátomo-funcionais da orelha interna, de suas doenças e da recuperação da função auditiva, o Prof. Dr. José Antonio A. de Oliveira. No final de 2004 o programa de IC do HCRP-FMRP-USP é cadastrado junto ao Ministério da Saúde (MS) como centro capacitado para o implante coclear. Atualmente contamos com mais de 650 pacientes implantados, dos mais diversos estados brasileiros e exterior. Os resultados obtidos são animadores e importantes para o crescimento do serviço como um dos mais importantes centros brasileiros em implante coclear na atualidade.

Vencidas as dificuldades iniciais para o credenciamento junto ao MS, vieram as dificuldades cirúrgicas, facilmente vencidas com o treinamento e inserção em cursos diversos e hoje produzimos conhecimento através de pesquisas de qualidade, ensinamento, treinamento e capacitação de profissionais médicos, fonoaudiólogos e demais profissionais que compõem uma equipe multidisciplinar de implante coclear. Com aumento da população de implantados no Brasil, as dificuldades dos vários centros se projetam na necessidade de crescimento de recursos humanos necessários para o processo de reabilitação pós implante, bem como o controle da reabilitação realizada nas cidades de origem dos diversos pacientes, sempre importante para o paciente obter os resultados finais desejáveis com seu dispositivo de implante coclear.

Quando do diagnóstico de uma Deficiência Auditiva (DA), particularmente na criança, convém agilidade para se iniciar a reabilitação auditiva, visto que temos períodos de prontidão para o desenvolvimento da fala e linguagem e para o aprendizado. Fatores como atraso no diagnóstico e o tempo de privação auditiva prolongado podem interferir negativamente.

O IC é uma alternativa para os pacientes com Deficiência Auditiva severa a profunda bilateral, que não se beneficiaram do aparelho auditivo, mas hoje outras indicações têm sido importantes como na surdez unilateral com ou sem zumbido. O IC deve ser indicado com extrema segurança pela equipe multiprofissional, de acordo com critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde, ANS e ABORL-CCF, no caso brasileiro e, adaptados pelo serviço.

Após a cirurgia, a reabilitação no IC tem início na ativação dos eletrodos e na realização de mapeamentos, seguindo um processo particular de reabilitação do deficiente auditivo. Todos os pacientes, independente da época de instalação da deficiência auditiva, dependem para que seus resultados sejam positivos da eficácia do treinamento auditivo formal e do engajamento nas atividades orientadas. Engajamento esse, da família e do paciente .

É fundamental se compreender que o “ouvir” com o implante coclear não será igual ao de uma pessoa que nunca apresentou deficiência auditiva, e que mesmo aquelas pessoas que já ouviram antes não voltarão a ouvir exatamente como antes, ainda que a experiência auditiva anterior ajudará muito na adaptação e na reabilitação do novo ouvir com o implante coclear. Além disso, as tecnologias novas tecnologias de processamento de audio oferecidas pelos fabricantes de IC tem contribuído muito para devolver a audição próximo do normal.

Uma vez que o ouvir com o implante coclear é uma experiência nova para o implantado, a dedicação não só do paciente, mas de toda família, é fundamental para que a pessoa implantada consiga desenvolver toda sua potencialidade por meio desse recurso. Fatores como o preparo psicológico, a motivação, o comprometimento com a reabilitação e a dedicação do paciente e de seus familiares podem ser decisivos para o sucesso com o implante coclear.

Equipe de Implante Coclear do HCRP-FMRP-USP